Resultado do ENADE 2023 reforça necessidade urgente de revisão dos cursos privados de medicina veterinária

A maior parte dos cursos avaliados em instituições privadas ficou entre os conceitos 2 e 3, em uma escala de 1 (Pior) a 5 (Melhor). De acordo com o relatório, no componente específico do curso, verificou-se nível baixo de conhecimento, principalmente no que tange às medidas de biosseguridade ou à diferenciação dos tipos de transmissão da doença em questão

abril 17, 2025
17:16
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Imagem: Canva

Por Mariana Perez, da redação

Como era de se esperar, o mais recente Relatório Síntese de Área do ENADE 2023, divulgado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), apresenta um retrato preocupante da formação em Medicina Veterinária no Brasil. Esse é um assunto que a VetShare há algum tempo coloca em pauta, como em setembro de 2024, quando trouxemos na capa da edição 117, uma reportagem completa com um panorama sobre os problemas dos cursos de medicina veterinária no Brasil e os impactos no setor.

O ENADE 2023 escancara a baixa qualidade do ensino, em especial dos cursos privados, que chegaram nos últimos anos a um número absurdo de mais de 500 cursos no Brasil. Nesse levantamento, foram avaliados 362 Instituições de Ensino Superior (IES), sendo 289 do setor privado, número correspondente à 79,8% dos cursos, sendo desses, 43,1% concentrados no Sudeste.

A maior parte dos cursos avaliados em instituições privadas ficou entre os conceitos 2 e 3 (Em uma escala de 1 – pior - a 5 - melhor). Poucos cursos alcançaram os conceitos 4 e 5, destacando-se sobretudo entre as universidades públicas e os institutos federais que apresentaram melhor desempenho.

De acordo com as informações da Tabela 4.2, na página 120 do relatório divulgado (Ver arquivo no final da matéria), “dos 289 cursos participantes de IES privadas, o conceito 3 foi o valor modal, atribuído a 141 (48,8%) cursos. Em relação aos demais cursos de instituições privadas, 91 cursos (31,5%) foram avaliados com o conceito 2, 38 cursos (13,1%) foram avaliados com o conceito 4, 14 cursos (4,8%) foram avaliados com o conceito 1 e, dois cursos (0,7%), com o conceito 5. Nessa categoria, 3 cursos (1,0%) ficaram sem conceito (SC).Na rede pública, o conceito modal foi o 4, atribuído a 30 cursos, correspondentes a 41,1% dos 73 cursos da categoria. Dos demais cursos participantes, 25 cursos (34,2%) obtiveram o conceito 5, 16 cursos (21,9%) receberam o conceito 3 e um curso (1,4%), o conceito 2. O conceito 1 foi atribuído a um curso (1,4%), conforme mencionado. Nessa categoria administrativa, nenhum curso (0,0%) ficou sem conceito (SC)".

"Dos 359 cursos participantes da modalidade presencial, o conceito 3 foi o valor modal, atribuído a 157 (43,7%) cursos. Dos demais cursos dessa modalidade de oferta, 89 cursos (24,8%) receberam o conceito 2; 68 cursos (18,9%) receberam o conceito 4; 27 cursos (7,5%), o conceito 5; e 15 cursos (4,2%), o conceito 1. Nessa modalidade de oferta, três cursos (0,8%) ficaram sem conceito (SC)".

"Dos 3 cursos participantes da modalidade a distância, o conceito 2 foi o valor modal, atribuído a 3 (100,0%) cursos. Dos demais cursos ofertados nessa modalidade, nenhum curso (0,0%) recebeu conceito 5, nenhum curso (0,0%) recebeu o conceito 4; nenhum curso (0,0%) recebeu o conceito 3; e nenhum curso (0,0%) recebeu conceito 1. Nessa modalidade de oferta, nenhum curso (0,0%) ficou sem conceito (SC)”.

A partir da página 121 do relatório, é possível conferir as notas por região do país.

Nas considerações finais do relatório, relacionadas à questão discursiva do componente específico, um ponto chama muita atenção: “A análise global da questão discursiva da área de Medicina Veterinária, portanto, revelou um desempenho mediano dos estudantes avaliados. Em relação às três questões específicas, verificou-se um nível baixo de conhecimento, principalmente no que tange às medidas de biosseguridade ou à diferenciação dos tipos de transmissão da doença em questão. A maioria dos estudantes não conseguiu efetuar uma análise crítica, tampouco responder adequadamente o solicitado pela questão. Os estudantes não estavam atentos às informações apresentadas no texto, nem ao que o enunciado solicitava. Alguns poucos demonstraram o domínio sobre o assunto ou, no mínimo, o comprometimento e o interesse para responder às questões”.

Os resultados indicam a necessidade de rever o modelo de expansão dos cursos de Medicina Veterinária no Brasil e dar mais atenção urgente à qualidade do ensino. O grande número de cursos privados com desempenho mediano ou insuficiente contrasta com o pequeno, porém consistente, grupo de instituições públicas com alto desempenho. O desafio agora é garantir que os cursos existentes sejam capazes de formar profissionais qualificados, com domínio técnico e visão crítica sobre seu papel na sociedade.

Acesse abaixo o relatório na íntegra ou direto neste link do Inep:


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cursos ∙ ENADE ∙ graduação ∙ IES ∙ medicinaveterinária

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