O aumento da verticalização da saúde suplementar na medicina humana que já é uma realidade, também preocupa os médicos, pois pode impactar o mercado de trabalho e a liberdade de escolha dos pacientes e dos profissionais de saúde.
Crédito foto: Herbert II Timtim por Pixabay
Por Mariana Perez, da redação
A compra da Provet, empresa de medicina diagnóstica veterinária com quatro unidades em São Paulo (SP), pela Pet Love, varejista que entre os muitos negócios, também é uma operadora de plano de saúde, foi anunciada ontem, dia 11 de novembro. A CEO da Petlove, Talita Lacerda, disse nas reportagens publicadas que: “A iniciativa é mais um passo na consolidação do ecossistema da Petlove, permitindo que os pets possam resolver todas as suas necessidades em um único lugar”.
Seria esse o início da verticalização dos planos de saúde na medicina veterinária, que ainda nem foi regulamentada?
A verticalização na saúde suplementar* na medicina humana, acontece quando uma operadora de planos de saúde oferece uma rede própria de serviços, com hospitais, laboratórios e ambulatórios, além de oferecer a rede credenciada terceirizada.
Esse movimento já acontece há algum tempo na medicina humana e teve início na década de 80, quando hospitais começaram a oferecer planos próprios. No início dos anos 2000, o movimento aconteceu diferente, quando as operadoras de plano de saúde começaram a oferecer uma rede própria de serviços, o que crescendo nos últimos anos.
De acordo com o Instituto de Estudos de Saúde Suplementar, em agosto de 2024, o Brasil atingiu a marca de 51,4 milhões de beneficiários com planos médico-hospitalares (humanos), novo recorde histórico para o setor.
O aumento da verticalização da saúde suplementar também preocupa os médicos, pois pode impactar o mercado de trabalho e a liberdade de escolha dos pacientes e dos profissionais de saúde.
Na medicina veterinária, a criação de planos de saúde é recente e ainda não há dados estatísticos para falar sobre a adesão por parte dos tutores e, nem mesmo, regulamentação como a que se tem na medicina humana, fiscalizada pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). Porém, é visível esse crescimento no mercado e temos visto um número cada vez maior de operadoras e redes credenciadas.
É bem provável que a verticalização também seja uma realidade em breve na medicina veterinária, e lembrando que não há serviços públicos para animais de companhia e, por isso, os valores baixos dos planos são ainda mais atrativos.
As operadoras de planos de saúdes para humanos dizem que com a verticalização é possível reduzir custos de administração e melhorar a experiência do paciente. E quanto a qualidade dos serviços e valorização dos profissionais?
A mesma reflexão que se faz na medicina humana, precisa ser feita na medicina veterinária, nos seguintes pontos:
O cliente terá limitação na escolha dos profissionais?
Os médicos-veterinários do plano poderão sofrer pressão para limitar o número de exames solicitados ou interferência nos tratamentos indicados aos pacientes, fazendo com que a qualidade do serviço seja prejudicada, além de favorecer diagnósticos errados ou atrasados?
Desvalorização do trabalho médico-veterinário que atendem pelos planos?
O mercado veterinário terá que lidar com mais esse movimento que envolve muito dinheiro e riscos, principalmente nos grandes centros. Por outro lado, sempre haverá público para o médico-veterinário que se posiciona, valoriza o próprio trabalho com um diferencial de atendimento, sem deixar de priorizar a saúde do paciente.
*Saúde suplementar é o conjunto das atividades desenvolvidas pelas operadoras de planos e seguros privados de assistência médica à saúde, que não possuem vínculos com o Sistema Único de Saúde (SUS), e são reguladas e fiscalizadas pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS)
O aumento da verticalização da saúde suplementar na medicina humana que já é uma realidade, também preocupa os médicos, pois pode impactar o mercado de trabalho e a liberdade de escolha dos pacientes e dos profissionais de saúde.