
Falta de materiais básicos para o funcionamento do hospital veterinário da UFRPE, quedas de energia e outras precariedades motivaram a paralisação das atividades de médicos e residentes
Residentes do Hospital Veterinário da UFRPE paralisaram as atividades em defesa de melhores condições de ensino. Foto: Rafael Melo
Estão em greve, desde o dia 13 de janeiro, médicos-veterinários e estudantes residentes do Hospital Veterinário da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), em Recife (PE), importante centro de pesquisa e de formação dentro da instituição.
O motivo é a falta de materiais básicos como seringas, álcool, entre outros, que a universidade não recebe há mais de um ano. Os veterinários precisam arcar com a compra junto aos residentes e pesquisadores do hospital. Além disso, de acordo com residentes, o hospital também sofre com frequentes quedas de energia, o que ocasionou, por exemplo, a perda de um equipamento de raios-x.
O centro de diagnóstico, onde ficam as máquinas de raios-x, também está interditado para uma reforma que nunca aconteceu e, desde então, o hospital não realiza nenhum tipo de tomografia nos animais, mesmo a universidade tendo recebido um tomógrafo de última geração.
“Os atendimentos no hospital veterinário são de caráter público, destinado a pessoas de baixa renda que dependem do nosso serviço. Porém, para que a gente continue ofertando esse trabalho, precisamos pedir doações aos tutores. Esses donativos viabilizam a realização de procedimentos cirúrgicos e anestésicos”, afirma uma das residentes em greve, Rebeca Paes.
Após a deflagração da greve, os participantes realizaram várias atividades. No dia 14 de janeiro, realizaram reunião interna para montar um cronograma. A organização da greve pressionou a universidade e conseguiu alcance na mídia local e nacional como no G1 de Pernambuco.
No dia 16 de janeiro, houve uma reunião entre o departamento de Medicina Veterinária, a Reitoria e Pró-reitorias para exigir uma resposta.
Para a reportagem do G1 Pernambuco, "a UFRPE disse que está com um processo de compra de insumos em andamento e que as obras do setor de imagem serão retomadas em breve, mas não deu prazo. A universidade afirmou ainda que vive uma “realidade orçamentária deficitária”, mas que está trabalhando para resolver todas as questões".
É importante lembrar que, de acordo com o Projeto de Lei Orçamentária Anual - PLOA 2024, o orçamento previsto para as universidades federais foi de R$ 5.957.807.724,00, valor inferior ao montante de 2023, que não foi suficiente para atender às necessidades das universidades, levando a um desequilíbrio financeiro (Fonte: Universidade Federal do Maranhão).
Como mostraram os residentes que organizaram a greve, a saída é a luta. Lutar para ter uma entidade estudantil na UFRPE que garanta os interesses dos estudantes a nível geral e consiga ter força para reivindicar frente a reitoria as melhoras da universidade. O Diretório Central dos Estudantes (DCE) é essa ferramenta. Reabrir o DCE, que está fechado há seis anos é uma urgência para garantir as necessidades básicas para a formação discente.
Além disso, apenas criando uma mobilização nacional pela recomposição orçamentária e contra políticas de austeridade como o Teto de Gastos do Governo Federal é possível garantir uma universidade de fato pública, gratuita e de qualidade. Por isso, se organizar no movimento estudantil, com o Movimento Correnteza, é urgente para termos a universidade que queremos.
Fonte das informações: Jornal A Verdade e G1 Pernambuco. Edição e adequação do texto: redação VetShare
Falta de materiais básicos para o funcionamento do hospital veterinário da UFRPE, quedas de energia e outras precariedades motivaram a paralisação das atividades de médicos e residentes