
Apesar de ingressar em uma universidade na Escócia, em 1894, Aleen não pode receber seu diploma porque era uma mulher. Somente em 1922 ela foi reconhecida e recebeu seu certificado oficial
Nascida em Cordangan na Irlanda, no ano de 1868, em uma família aristocrática, Aleen Cust foi a primeira mulher a se qualificar como cirurgiã veterinária na Irlanda e na Inglaterra. Porém seu reconhecimento demorou para chegar.
Desde jovem, Aleen demonstrou interesse por animais e ciência, o que a levou a buscar formação em medicina veterinária. No entanto, no final do século XIX, a área era dominada por homens, e mulheres não eram bem-vindas nas escolas veterinárias.
Mesmo assim, Aleen conseguiu ingressar na Edinburgh Veterinary College, na Escócia, em 1894. Ela completou sua formação com sucesso, mas o Royal College of Veterinary Surgeons (RCVS) recusou-se a conceder-lhe o diploma simplesmente por ser mulher.
William Byrne, um médico-veterinário respeitado em Roscommon na Irlanda, ouviu falar de seu caso e lhe ofereceu uma função como assistente. Lá, ela atendeu fazendeiros e tratou de diversos animais, construindo uma sólida reputação como profissional competente e dedicada. Byrne morreu em 1910, mas nessa época Aleen já havia estabelecido seu próprio consultório nas proximidades.
Sua atuação ganhou destaque, e ela foi nomeada inspetora veterinária do condado de Galway, na Irlanda, um feito impressionante para uma mulher em uma profissão que ainda não a aceitava formalmente. Mesmo sem o título oficial, ela seguiu exercendo a profissão com ética e excelência. Em 1915, ela tirou uma licença e dirigiu até a Frente Ocidental, na França, onde passou o resto dos anos de guerra cuidando de dezenas de milhares de cavalos.
Após anos de luta e mudanças sociais, em 1919 o Parlamento Britânico aprovou leis permitindo que mulheres atuassem formalmente em diversas profissões, incluindo a medicina veterinária. Em 1922, Aleen Cust finalmente recebeu seu diploma e foi aceita pelo RCVS, tornando-se oficialmente a primeira mulher veterinária do Reino Unido.
Posteriormente, ela se aposentou na New Forest, na Inglaterra, onde se dedicou à criação de cães da raça spaniels e se envolveu profundamente na RSPCA.
Em uma curta viagem à Jamaica, em 1937, Aleen sofreu um ataque cardíaco e morreu enquanto cuidava de um cão ferido. Ela foi enterrada em um terreno perto da Igreja de St Andrew em Kingston. Até hoje, nenhuma sepultura com seu nome foi encontrada.
Aleen Cust abriu as portas para inúmeras mulheres na veterinária, provando que a competência e dedicação superam barreiras impostas pelo preconceito. Seu pioneirismo inspirou gerações e ajudou a transformar a medicina veterinária em uma profissão acessível para todos.
Hoje, as mulheres representam uma grande parte dos profissionais veterinários no mundo, e esse avanço começou com a coragem e determinação de Aleen Cust.
A Aleen Cust Memorial Society formada por um grupo de cirurgiões veterinários que se uniram para lembrar que Aleen foi subestimada em vida e amplamente esquecida em sua morte. O grupo está atualmente trabalhando para encontrar seu túmulo e garantir que um memorial adequado seja construído: https://www.independent.ie/irish-news/news/search-for-the-grave-of-trailblazing-but-largely-forgotten-first-woman-to-qualify-as-vet-in-ireland-or-britain-40891361.html
Contato Aleen Cust Memorial Society: aleencust2022@gmail.com
Fonte: University College Dublin, Tradução e edição do texto VetShare
Apesar de ingressar em uma universidade na Escócia, em 1894, Aleen não pode receber seu diploma porque era uma mulher. Somente em 1922 ela foi reconhecida e recebeu seu certificado oficial