
Quais as aplicações e benefícios para a medicina veterinária? As imagens de alta qualidade e em diferentes planos anatômicos permitem visualização detalhada das estruturas internas do corpo do paciente, o que auxilia muito no diagnóstico preciso de diversas condições médicas. E para poder oferecer isso aos pacientes, um grupo de médicos-veterinários e empresários, uniu forças e inaugurou o primeiro serviço de ressonância magnética de alto campo exclusivo para a medicina veterinária, na Região Sul do Brasil
Na foto: Aparelho de ressonância magnética Siemens da empresa Ligavet
Por Mariana Perez Vilela, da redação
Um dos métodos mais avançados de diagnóstico por imagem disponíveis na medicina, a ressonância magnética de alto campo, agora está se tornando realidade na medicina veterinária. Apesar de ser muito utilizado na medicina mundial há mais de 20 anos, são poucos os locais no Brasil que disponibilizam essa ferramenta diagnóstica para pacientes veterinários.
Por isso, um grupo de médicos-veterinários de diferentes especialidades e empresários uniram esforços para inaugurar o primeiro serviço de ressonância magnética de campo fechado exclusivo para a medicina veterinária, localizado em Curitiba (PR), o Centro de Diagnóstico Veterinário Ligavet.
Entendendo a ressonância magnética de alto campo
Existem dois tipos de aparelhos de ressonância magnética: de campo fechado (ou alto campo) e de campo aberto (ou baixo campo). As diferenças entre elas estão relacionadas à intensidade do campo magnético utilizado. A ressonância magnética de alto campo utiliza um campo magnético mais forte, geralmente acima de 1,5 Tesla, o que resulta em imagens de maior resolução e qualidade. Já a ressonância magnética de baixo campo utiliza um campo magnético mais fraco, geralmente abaixo de 1 Tesla, e pode ser utilizada em situações específicas onde a acessibilidade ou o custo do equipamento são fatores importantes. “Se compararmos o tempo do exame da ressonância magnética em um aparelho de alto campo e baixo campo, constatamos que o alto campo tem tempo de exame menor e, consequentemente, anestesia mais curta. Nossos pacientes serão monitorados do começo ao fim do exame, com um monitor cardíaco especial para uso dentro da sala de ressonância”, explica o médico-veterinário, sócio da empresa Ligavet, Fábio Dequeche.
Vantagens na rotina
De acordo com o médico-veterinário oncologista Thiago Sillas, sócio da empresa Ligavet, a disponibilidade desse exame avançado abre uma rota importante de evolução e, em comparação aos aparelhos de ressonância magnética de campo aberto, há muitas vantagens como o menor tempo de exame e anestesia para o paciente. “Com sua superioridade de imagem estabelecida na avaliação de órgãos parenquimatosos, tecidos circunvizinhos e estruturas ósseas, será possível detectar lesões neoplásicas menores, portanto, mais precoces”.
Além disso, Thiago Sillas explica que o diagnóstico por ressonância magnética de campo fechado e suas sequências complementares de ganhos em T1, T2, técnicas de subtração de gordura, STIR (Sigla em inglês: short time inversion recovery) e imagens de difusão, permitem a avaliação de tumores em tecidos moles, sistema nervoso e tecido musculoesquelético com muita definição. “O futuro promete inúmeras outras técnicas por meio da análise por ressonância magnética, como o uso do contraste gadoxetato dissódico para diferenciar lesões benignas de malignas no fígado dos cães. Estudos funcionais com o uso da dinâmica de captação de contraste (DCE-MRI - Sigla em inglês: dynamic contrast-enhanced magnetic resonance Imaging) para avaliar a vascularização e a espectrometria por ressonância magnética (ERM) que avalia o metabolismo de áreas suspeitas”.
Na oncologia veterinária, Thiago Sillas explica que, com a melhor definição de imagem tumoral, incluindo o detalhamento morfológico, margens cirúrgicas, características e composição dos tecidos, tornam a ressonância magnética de campo fechado indicada no diagnóstico e estadiamento das neoplasias abdominais, da coluna vertebral, dos tumores de cabeça e pescoço, sistema nervoso central e periférico, partes moles em geral e pesquisa de lesões metastáticas potenciais em linfonodos e outros órgãos. “Mesmo em casos de osteossarcomas, com detalhamento ósseo inferior a tomografia, a definição das margens tumorais para planejamento da cirurgia de Limb Sparing é considerada superior. Outra considerável vantagem da imagem por ressonância magnética é a capacidade de detecção precoce de tumores residuais ou recidiva, superior a qualquer outra modalidade de imagem”.
Já com relação à especialidade neurologia veterinária, o médico-veterinário neurologista, sócio da Ligavet, Fernando S. Bach, explica que com a ressonância magnética de campo fechado é possível visualizar muito melhor lesões pequenas que poderiam passar despercebidas na tomografia computadorizada e/ou em um aparelho de ressonância campo aberto (baixo campo), como, por exemplo, doenças inflamatórias, meningoencefalites autoimunes, meningoencefalites necrosantes, pequenos acidentes vasculares, doenças desmielinizantes, neoplasias que envolvem o cérebro e a medula espinhal. “Com a qualidade da imagem superior, principalmente em pacientes menores, é possível uma definição melhor para avaliar o parênquima cerebral, o parênquima medular, os discos intervertebrais, linha liquórica etc. As diferentes sequências que é possível realizar no aparelho de ressonância de alto campo, auxiliam muito para a conclusão de diagnóstico na neurologia veterinária”.
Na ortopedia, a ressonância magnética é um método de imagem que possui excelente resolução para tecidos moles, abrindo um leque de grandes possibilidades de diagnóstico em diferentes lesões e afecções, como exemplos, a avaliação de diferentes graus de lesões meniscais, e de estruturas ligamentares com lesões parciais. “Ainda é uma ferramenta pouco explorada na medicina veterinária, mas se olharmos para a medicina, entendemos que há grande oportunidade do entendimento de diferentes lesões e afecções”, afirma a médica-veterinária Tais Ferreira Guimarães, responsável pelo serviço de ressonância magnética do Centro de Referência Veterinária (CRV IMAGEM), localizado no Rio de Janeiro (RJ), sendo ele, o primeiro centro de imagem com campo fechado da América do Sul e parceiro da Ligavet.
Na visão de Taís, o grande salto está na realização de exame com alto grau de detalhamento anatômico e patológico em pacientes pequenos, como gatos e cães de menor porte, e a realização de sequências de imagens com cortes finos, resultando em imagens de alta qualidade e, ainda, há de se ressaltar, que o tempo de exame é menor.
Foram investidos mais de R$ 2,5 milhões até a inauguração e, segundo Fábio Dequeche, o que só foi possível com a união de médicos-veterinários e empresários que assim fizeram em prol da medicina veterinária
Fachada do Centro de Diagnósticos Veterinário Ligavet em Curitiba (PR)
“Esses profissionais perceberam o quanto a falta de um exame dessa qualidade limita os diagnósticos e, consequentemente, prejudica o tratamento de pacientes de diversas áreas como neurologia, ortopedia, oncologia e outras especialidades. Há anos o mercado veterinário local aguarda por essa importante ferramenta diagnóstica. Com nossa união, pudemos tornar viável e disponibilizar essa ferramenta à toda região. Tivemos o cuidado de oferecer único e exclusivamente o serviço de ressonância veterinária, pois queremos ser um apoio ao médico-veterinário ao solicitar este exame. A essa união, demos o nome de Ligavet, um símbolo do que significa o propósito da empresa que é o de criar algo para todos terem acesso”.
O equipamento adquirido pela empresa Ligavet é o de 1.5 Tesla da marca Siemens, um modelo de grande potência magnética, utilizado especialmente em exames que necessitam de captura de imagem mais detalhada, como imagens do crânio e encéfalo, coluna vertebral e medula espinhal, do sistema musculoesquelético, e cavidades torácica, abdominal e pélvica. Para realizar os exames, o local conta em tempo integral com dois médicos-veterinários, sendo um radiologista e outro anestesista, e ainda com um tecnólogo especializado em ressonância magnética.
RESSONÂNCIA MAGNÉTICA DE CAMPO FECHADO DE 1.5 TESLA VANTAGENS Melhor qualidade da imagem. Cortes mais precisos. Varredura mais rápida, ou seja, menor tempo de exame e anestesia. Campo magnético homogêneo. DESVANTAGENS Custo alto de aquisição e manutenção do equipamento. |
O médico-veterinário André Obladen, sócio da Ligavet, destaca que sempre almejou dispor de ressonância magnética de alto campo para seus pacientes. “Porém eu sabia da dificuldade, principalmente, financeira que era a de montar uma. Com a união de vários colegas fico feliz que tenhamos viabilizado este serviço para o mercado veterinário”. Opinião compartilhada pelo médico-veterinário neurologista e também sócio, Ricardo Canever: “Há anos venho sonhando com essa ferramenta diagnóstica que ajudará em um diagnóstico mais preciso e, consequentemente, no melhor tratamento para os pacientes”.
Devido ao alto custo do equipamento e da sua manutenção, o Brasil ainda está atrás dos Estados Unidos e, de maneira geral, de países da Europa, quando o assunto é a disponibilidade da ressonância magnética por campo fechado em locais exclusivos para a medicina veterinária. “No Brasil a utilização na medicina veterinária é relativamente nova, embora muitos profissionais já utilizem em sua rotina, porém compartilhando equipamentos da medicina humana”, explica Fernando.
Na avaliação do médico-veterinário oncologista, Thiago Sillas, nos últimos anos, a medicina veterinária experimentou uma evolução significativa no que diz respeito aos exames de imagem avançados. “No passado não distante, a base do estadiamento do paciente oncológico era feita com a ultrassonografia abdominal e radiografia torácica. Estes exames são muito utilizados ainda, mas como exames de triagem. Com a evolução e a disponibilidade da tomografia computadorizada, pudemos perceber a grande limitação na detecção de pequenas alterações, que passavam despercebidas nas radiografias torácicas, ou ficaram topograficamente obscuras na ultrassonografia abdominal”, ressalta.
Confira abaixo os membros sócios da Ligavet
No Brasil, o médico-veterinário está preparado para solicitar uma ressonância magnética? Afinal, em que casos o médico-veterinário pode e deve solicitar uma ressonância magnética? Além de atender os tutores que buscam recursos de diagnósticos mais avançados para seus animais, o objetivo da equipe da empresa Ligavet é atender também essa outra demanda, a de contribuir e preparar os médicos-veterinários para a melhor utilização desse valioso recurso, ou seja, oferecer treinamento e capacitação para que os profissionais possam encaminhar corretamente seus pacientes para a ressonância magnética de campo fechado. Como encaminhar? Cães e gatos podem ser encaminhados e, em casos de dúvidas com relação ao exame, o médico-veterinário poderá falar com a equipe Ligavet. O exame tem duração de aproximadamente 30 minutos. Atendimento Ligavet de segunda a sexta-feira, das 9h às 18h e sábado das 9h às 13h. Para saber mais sobre o Centro de Diagnóstico Veterinário Ligavet acesse: www.ligavet.com.br |
Quais as aplicações e benefícios para a medicina veterinária? As imagens de alta qualidade e em diferentes planos anatômicos permitem visualização detalhada das estruturas internas do corpo do paciente, o que auxilia muito no diagnóstico preciso de diversas condições médicas. E para poder oferecer isso aos pacientes, um grupo de médicos-veterinários e empresários, uniu forças e inaugurou o primeiro serviço de ressonância magnética de alto campo exclusivo para a medicina veterinária, na Região Sul do Brasil