
Além da ração seca, o alimento úmido é uma ótima opção para cães e gatos, porém ainda sofre por conta de mitos e falta de informação
Por Mariana Vilela, da redação
O alimento úmido está cada vez mais presente nas prateleiras e nos potinhos de cães e gatos brasileiros. Porém ainda é alvo de muitos mitos e falta de informação. A médica-veterinária, Bruna Fernanda Ferreira Seabra, pós-graduada em nutrologia de cães e gatos, consultora de empresas de pet food e que atua com atendimento nutricional de cães e gatos, presencial em Valença (RJ) e online afirma que o alimento úmido é um dos alimentos mais versáteis para cães e gatos, além da alimentação natural. “É um alimento com muitas aplicações e, infelizmente, é pouco usado ainda, tanto pelos veterinários, quanto pelos tutores. Há ainda muitos mitos acerca dos alimentos úmidos, até mesmo colegas estão pouco informados, então por isso acredito que ele é pouco utilizado”, avalia.
De acordo com Bruna, o alimento úmido é muito benéfico em várias situações. “Pode ser usado para animais saudáveis como forma de aumentar a ingestão hídrica ou diferenciar a alimentação. Pode ser usado na alimentação mista ou alimentação única, desde que seja um alimento completo”.
Para tratamentos, Bruna explica que o mais comum é para casos de obesidade e sobrepeso, por ser um alimento com mais água, o paciente acima do peso come uma quantidade maior e tem mais saciedade, além de ter menos calorias.
“Outro uso muito recomendado é para pacientes com doenças no trato urinário, como formação de cálculo de todos os tipos. Pode ser usado tanto no tratamento, quanto após o tratamento para evitar o aparecimento de novos cálculos. Nesses casos a orientação é utilizar o alimento exclusivamente por conta da quantidade de água que automaticamente o animal ingere”.
Além disso, Bruna destaca que por ser um alimento bem mais palatável que o alimento seco, é uma ótima opção para animais que por algum motivo não querem comer e estão sem apetite, seja internado ou em casa. “Esse tipo de alimento ajuda até mesmo a reativar a fome no paciente, pois muitas vezes alguns mecanismos de doenças inibem a fome e o animal precisa de um estímulo. Isso acontece por ter uma textura diferente, ser mais palatável e pelo cheiro mais forte, já que para cães e gatos o olfato tem um papel muito maior que o gosto”.
Alimentos úmidos possuem classificação de qualidade, explica Bruna, e normalmente são super premium por conta do tipo de ingrediente que é utilizado. “No rótulo é bem fácil de entender quais desses alimentos são classificados como completos e quais são considerados petiscos. Há também a indicação da quantidade de água e para qual idade ele se destina. Os alimentos completos foram formulados para atender todas as necessidades nutricionais do animal a qual se destina. Já os petiscos não possuem todos os nutrientes necessários para a alimentação diária de cães e gatos e não precisam ter obrigatoriamente ter nenhuma suplementação de vitaminas e minerais. No rótulo a indicação é que são alimentos específicos e muitos fabricantes destacam que não pode ser usado para alimentação principal do animal. Há também os alimentos coadjuvantes que entram para auxiliar no tratamento de determinadas doenças como alimentos para pacientes renais, obesos, cardiopatas etc”.
As principais dúvidas dos veterinários quando procuram Bruna para uma assessoria é com relação a quantidade a ser prescrita, como fazer o cálculo da quantidade ou como fazer a alimentação mista. “Essas dificuldades se devem principalmente pela deficiência desse tipo de conteúdo na faculdade. Por isso, muitos colegas que não são especializados me procuram para ajudar nesses cálculos”, conta.
O ponto inicial para esses cálculos é descobrir quantas calorias o paciente precisa ingerir. De acordo com Bruna, há muitas fórmulas para se utilizar e isso pode ser complicado. “Muitos recorrem a recomendação do próprio rótulo, mas é uma média e não um valor específico. Cada animal possui necessidades calóricas diferentes, seja em função da idade, da rotina de atividades físicas, de uma doença ou até mesmo do local onde ele mora, se for mais quente ou frio. Então aquela tabela com a média pode não corresponder a realidade do animal, pode estar subestimando ou superestimando. O primeiro passo então é descobrir a necessidade energética do animal e, só então, calcular a quantidade em gramas de determinado alimento”.
Outra dúvida bastante recorrente dos veterinários, segundo Bruna, é como escolher um bom alimento, por não entenderem muito sobre a qualidade dos ingredientes utilizados. “Há muitos nomes técnicos que podem assustar quem é leigo no assunto, além de haver muitas informações incorretas na internet, o que faz parecer que alguns ingredientes utilizados são apenas restos sem qualidade. Muito pelo contrário, os bons alimentos utilizam em sua formulação ingredientes que são bem digeridos pelo organismo de cães e gatos, suprem as necessidades nutricionais de cada espécie”.
Para Bruna é muito importante que veterinários e tutores se informem mais sobre os alimentos úmidos, pois são alimentos versáteis e com uma ótima composição. “Na minha avaliação é o alimento mais próximo do ideal para a fisiologia deles em qualquer idade quando falamos em alimentos industrializados. Faço um convite aos colegas a pensarem mais no alimento úmido como uma parte do tratamento nutricional de seus pacientes, só tem a ganhar o animal e a relação com o tutor também”, conclui.
Bruna Fernanda Ferreira Seabra, médica-veterinária, pós-graduada em nutrologia de cães e gatos, consultora de empresas de pet food e atua com atendimento nutricional de cães e gatos, presencial em Valença (RJ) e online
Instagram: @vetnutribruna
Além da ração seca, o alimento úmido é uma ótima opção para cães e gatos, porém ainda sofre por conta de mitos e falta de informação