A realidade de uma veterinária no interior de Rondônia

Os desafios da médica-veterinária
Thalia Pépi, em levar atendimento veterinário para os pequenos animais de uma população carente de recursos e informações na cidade de Presidente Médici

março 1, 2024
16:32
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Crédito foto: divulgação

Reportagem Mariana Perez, da redação

Localizada no interior de Rondônia, no Norte do Brasil, Presidente Médici é uma pequena cidade de quase 20 mil habitantes (IBGE), da qual a médica-veterinária Thalia Pépi Rubio Giacomin, é natural e decidiu voltar depois de formada para atuar na área de pequenos animais.

Thalia Pépi Rubio Giacomin, graduada em medicina veterinária pela Facimed, Cacoal (RO).

Com 26 anos de idade, Thalia se formou durante a pandemia de COVID 19 e está cursando pós-graduação em clínica médica de pequenos animais, área que é sua paixão. Thalia conta que na capital do Estado, Porto Velho, as clínicas veterinárias estão saturadas e não é fácil encontrar vagas para médicos-veterinários de pequenos animais. Já em Presidente Médici, há somente uma clínica veterinária e faz com que a população fique carente de atendimentos. Levando isso em consideração, Thalia então optou por iniciar seus atendimentos veterinários em domicílio. “A cidade é bem carente de atendimento veterinário para pets, pois a clínica veterinária daqui tem apenas uma médica-veterinária que atende os pequenos animais e os outros veterinários atendem grandes animais, por conta da demanda região”.

Demanda na cidade e a carência por informações

Thalia explica ainda que alguns veterinários optaram por não ficar na cidade ou então preferem atender grandes animais, por conta do baixo retorno financeiro e do perfil do tutor da região que, na maioria das vezes, não quer fazer exames ou espera o quadro do animal agravar para procurar atendimento veterinário. “Porém nem sempre é porque o tutor não quer pagar ou não pode pagar. Muitas vezes ele não tem informação mesmo”, avalia.

Um exemplo disso, segundo Thalia é com relação ao protocolo vacinal. Ela conta que muitos tutores pensam que a única vacina necessária é a contra a raiva, que é oferecida gratuitamente pela prefeitura. “Por isso, procuro sempre orientar sobre as vacinas que existem e a importância de cada uma delas”. Como a cultura da prevenção é algo ainda distante na cidade, uma das doenças que mais afeta a região é a doença do carrapato. “Atendo muitos casos na cidade, principalmente, erliquiose. Poucos tutores fazem a prevenção com antipulgas e há aqueles tutores que se recusam a fazer exames, e querem apenas que o veterinário receite um remédio. Observo que quando o animal ainda está com sintomas leves, as pessoas da região costumam comprar produtos na agropecuária por conta própria. Somente quando o animal chega na fase crônica, com sintomas mais graves, eles recorrem ao veterinário. E mesmo nesse estágio, tentamos explicar a importância dos exames ou do internamento, mas os tutores em muitos casos se negam. Eu já fui até na rádio da cidade e expliquei a importância de chamar o veterinário nos estágios iniciais dessa doença. E mesmo quando o diagnóstico é efeito no início é preciso fazer o tratamento certinho, para que o animal tenha mais chances de melhorar. Para se ter uma ideia, atendi um paciente que testou positivo para cinomose, parvovirose e erliquiose, de uma vez”.

Prós e contras do atendimento veterinário em domicílio

Atender os pacientes na residência do tutor é mais cômodo para o cliente e menos estressante para o animal. Porém, o veterinário fica mais limitado com relação aos recursos que uma clínica pode oferecer. “Nos casos em que o animal está mais debilitado e precisa estabilizar, faço o encaminhamento para a clínica veterinária”.

Por outro lado, Thalia conta que ao ir à residência do tutor, é possível entender melhor como é a rotina daquele paciente, o ambiente em que ele vive, com quem ele convive, quem fará o protocolo do tratamento. “Teve um caso que eu atendi, de um cão da raça pug, que tinha lodo no potinho de água dele, há tempo não era lavado. Então orientei sobre a importância da higiene. Esse tipo de detalhe acaba sendo muito importante e ao atender na clínica é algo que não vemos”.

Thalia Pépi e sua cachorrinha Juju

Thalia acredita que é muito importante que o poder público, empresas e profissionais da área levem informações e conhecimento, pois isso fará toda a diferença. “É o que tenho feito, seja indo na rádio, falando de cliente em cliente, são ações que terão efeito em longo prazo, mas que são muito necessárias. O projeto de castração também é algo que deve ser incentivado. Somente assim vamos conseguir mudar a realidade”.

Edição 111


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